quarta-feira, 8 de outubro de 2014

INSS: Coordenadora reconhece carência e confirma concurso


Capacidade operacional comprometida e otimismo quanto ao sinal verde para as 4.730 vagas pedidas ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Assim está o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cujo maior desafio é, sem dúvida, o enfrentamento da carência de servidores, face ao hiato de concursos da autarquia, que ficou entre 1985 e 2003, exatos 18 anos, sem realizar essas seleções. Quem mostra o real panorama do instituto é a sua coordenadora geral de Planejamento e Gestão Estratégica, Cibele Castro, que voltou a confirmar o novo certame. Segundo ela, o INSS fez uma análise criteriosa do seu quadro de pessoal para alcançar a lotação ideal, e já mapeou a carência que, fundamentada, foi enviada ao Planejamento, para justificar a urgente autorização.

Resta à autarquia, portanto, aguardar. Cibele confirmou, porém, o otimismo em relação à autorização, já informada por assessores da presidência. A coordenadora geral também informou como o INSS valoriza seus funcionários, afirmando que somente os efetivos ocupam os cargos de chefia. Além disso, há um Centro de Formação e Capacitação, para multiplicar o conhecimento previdenciário na área do regime geral.

FOLHA DIRIGIDA - O que significa atuar no INSS?

Cibele Castro - O INSS tem um lado social e econômico. Somos uma das maiores instituições que transferem renda para a população brasileira. Então, hoje, se olharmos, temos mais de 68% dos municípios brasileiros recebendo mais recursos da Previdência Social do que o próprio Fundo de Participação dos Municípios. Por trás desse lado social e econômico, existem pessoas que dependem dos servidores do INSS na concessão e decisão do seu benefício, ou seja, é questão de sobrevivência. E isso faz com que o servidor da autarquia traduza o seu trabalho em uma atividade extremamente nobre, preservando até mesmo a sobrevivência de milhares de famílias brasileiras.

Como o INSS trata os seus servidores? Há constantes valorizações?

Sou servidora do INSS há mais de 20 anos, e a maior paixão, na minha visão, em atuar no instituto vem da importância da atividade que desempenhamos. Mas o INSS, nos últimos anos, vem também traduzindo a área. Inclusive, houve uma modificação na sua estrutura: a antiga Diretoria de Recursos Humanos passou a se chamar Diretoria de Gestão de Pessoas. E não foi apenas uma mudança de nome, mas uma alteração de conceito, muito mais preocupada com a qualidade de vida do servidor, onde foi instituído um serviço de qualidade de vida no servidor, que faz muitas atividades. Além disso, temos a possibilidade de progressão institucional do INSS, já instituída inclusive em decreto, que aprovou a estrutura regimental do INSS, tendo as unidades descentralizadas a opção de exclusividade para a ocupação dos cargos somente por servidores do INSS. Hoje, da superintendência até as agências, as chefias são servidores. Além disso, houve a profissionalização. Foi criado um Centro de Formação e Capacitação, para multiplicar o conhecimento previdenciário na área do regime geral, e isso também não só em ensinos presenciais, mas também a distância. Temos investido muito em EAD para o quadro de servidores do INSS.


Há uma solicitação de 4.730 vagas em análise no Ministério do Planejamento. A causa disso é a carência de pessoal. Como o instituto vai se equilibrando para continuar exercendo as suas funções?

De 2005 para cá, o INSS investiu muito em um novo modelo de gestão, já preocupado com esse risco mapeado de afastamento de quase um terço da força de trabalho. Então, nós nos organizamos, e o que, há dez anos, era desconhecido, hoje não é mais. Nós traduzimos essa visão organizada da instituição, nos preparando para esse ambiente, de ter mais carência de servidores, que poderá acontecer. Mas temos hoje um painel de desempenho, na sala de monitoramento. Diuturnamente vamos acompanhando toda a movimentação, e sabemos efetivamente onde é o gargalo gerencial que está acontecendo em âmbito nacional. São questões que estão ocorrendo na última década, e estamos tentando aperfeiçoar, visando exatamente a mitigar ou minimizar esse impacto da possibilidade de afastamento dos servidores. Mas independentemente disso, o INSS também fez a estruturação de um projeto de lotação ideal, e é com base nesse projeto calculado em cima das demandas de população, de quantidade de benefícios requeridos e de área de abrangência de cada agência da previdência social é que fundamenta esses pedidos ao Ministério do Planejamento, que há dez anos vêm sendo atendidos, e nós temos uma parceria muito forte com a pasta esse sentido.

A autarquia tem como um dos seus principais projetos a ampliação do número de agências por todo o país. Esse projeto aumenta a necessidade?

Certamente. Um dos requisitos para abrir uma agência, além da estrutura, é a presença de servidores. Porque o projeto de expansão da rede de atendimento é interiorizar a Previdência. Nós tínhamos agências na Região Norte, por exemplo, que para o segurado chegar à porta da agência da Previdência demorava cinco ou sete dias de barco ou outros tipos de transporte. Então, há a busca por isso, mas temos alguns requisitos básicos. Precisamos não só ter a agência estruturada, mas devemos ter rede funcionando, porque o nosso sistema é todo automatizado, e outro requisito fundamental é ter servidores para poder prestar o serviço à população.

Haverá novas agências no Rio de Janeiro?

Não tenho aqui números detalhados por estado. Sabemos que há projeções de inauguração de agências, considerando o critério de ter pelo menos 20 mil habitantes no município, mas não sei precisar onde estão essas agências.

Quanto à autorização do Ministério do Planejamento, assessores da presidência do INSS afirmam que há um bom diálogo. A senhora tem informações sobre esse processo?

Estamos otimistas, sim, e queremos esse concurso, até porque a carência já está mapeada e há alguns locais onde iremos precisar repor, já que a capacidade operacional está comprometida. Mas não tenho como afirmar quando sairá essa autorização, porque não depende do INSS. Nosso papel enquanto autarquia é mapear, fundamentar o pedido de forma clara e precisa, de maneira que possamos demonstrar a real necessidade do quadro de servidores. Mas não tenho como precisar quando ocorrerá a autorização.

O Tribunal de Contas da União, maior órgão de fiscalização do país, realizou uma auditoria, recomendando a realização do concurso e alegando que, caso ele não ocorra, o INSS corre risco de entrar em colapso. A senhora acredita que a interferência do TCU pode acelerar esse processo de autorização? Há informações quanto à distribuição das vagas?

Foi publicado o Acórdão 1.795, que trata muito de uma matéria nova chamada "Gerenciamento de Riscos". Esse risco já está mapeado no INSS, e o processo de lotação ideal já está construído, ou seja, já está mapeado e fundamentado junto a quem autoriza (Ministério do Planejamento). Então, agora, o instituto já passou a demanda para lá, e está aguardando. Mas é lógico que o TCU, mapeando a situação, nos ampara relativamente ao controle interno, para que o concurso seja autorizado. Ainda não tenho informações sobre lotação.

Qual a importância de quem se interessa em atuar no INSS escolher uma função que tenha a ver com o seu perfil profissional?

Muitas vezes, as pessoas para integrarem na carreira pública percebem muito a questão salarial. E, na minha percepção, não é só isso. Nós temos que buscar a satisfação enquanto pessoa e servidor público. Se nós considerarmos que um terço da nossa vida vamos passar dentro do ambiente de trabalho, o salário em si é vantajoso? Sim, mas não é o mais importante no momento em que estamos tratando com o servidor público.

A senhora acha que falta isso na mente de muitos concurseiros?

Acredito que ainda há muito a percorrer. É um modelo cultural que está sendo desenvolvido e acontecendo gradativamente. Mas, dentro do INSS, nós já vamos quebrando essas situações, quando o servidor passa num concurso e toma posse. Ele já entra em uma capacitação de ambientação que muitas vezes transforma esse desejo pelo salário num desejo mais profissional, buscando muitas vezes esse lado de satisfação pessoal, enquanto servidor público.

Que mensagem deixa aos interessados em atuar na autarquia e que já estão se preparando para o concurso?

Trabalhar no INSS é importante para que possamos, primeiro, ter satisfação pessoal enquanto servidor público. Precisamos ter essa mensagem bem clara. E dizer também que esperamos a vinda das pessoas sim. Temos o desejo muito grande de receber novos colegas no INSS, até porque cobrir o hiato geracional de concursos da autarquia, que ficou 18 anos sem realizar essas seleções (de 1985 a 2003), faz com que fiquemos ansiosos para ter essa expectativa de novos concursados.

Fonte: Folha Dirigida

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